Pietro da Cortona: O triunfo da Divina Providência, 1633-1639.Afresco em teto do Palazzo Barberini, Roma |
PINTURA
Andrea Pozzo,
codificando a técnica da perspectiva arquitetônica ilusionística em seu tratado Perspectiva
Pictorum et Architectorum, foi o responsável pela divulgação em larga
escala de uma das mais típicas modalidades de pintura do Barroco, a criação de
grandes tetos pintados onde as paredes do templo parecem continuar para cima e
se abrir para o céu, oferecendo a visão de uma epifania onde
santos, anjos e Cristo parecem descer entre nuvens e resplendores de glória. A
técnica não era inteiramente nova e já havia sido praticada por outros como Correggio eMichelangelo no
Maneirismo, mas o tratado de Pozzo se tornou canônico, sendo traduzido para
várias línguas ocidentais, e até para o chinês. Enquanto que seus predecessores
continham o céu num espaço mais limitado, Pozzo e seus seguidores buscaram
deliberadamente uma impressão de infinitude
Rembrandt: Lição de anatomia do Dr. Tulp, 1632. Mauritshuis, Haia |
Também típica da pintura barroca foi a
corrente dedicada à exploração especialmente dramática dos contrastes de luz e
sombra, a chamada escola Tenebrista. Seu nome deriva de tenebra(treva, em latim), e é uma
radicalização do princípio do chiaroscuro.
Teve precedentes na Renascença e se desenvolveu com maior força a partir da
obra do italiano Michelangelo Merisi, dito Caravaggio, sendo
praticada também por outros artistas da Espanha, Países Baixos e França. Como
corrente estilística teve curta duração, mas em termos de técnica representou
uma importante conquista, que foi incorporada à história da pintura ocidental.
Por vezes o Tenebrismo é entendido como sinônimo de Caravaggismo, mas não são
coisas idênticas. Os intensos contrastes de luz e sombra emprestam um aspecto
monumental aos personagens, e embora exagerada, é uma iluminação que aumenta a
sensação de realismo. Torna mais evidentes as expressões faciais, a musculatura
adquire valores escultóricos, e se enfatizam o primeiro plano e o movimento. Ao
mesmo tempo, a presença de grandes áreas enegrecidas dá mais importância à
pesquisa cromática e ao espaço iluminado como elementos de composição com valor
próprio. Na França Georges de La Tour foi um dos adeptos da
técnica; na Itália, Battistello Caracciolo,Giovanni
Baglione e Mattia Preti,
e na Holanda, Rembrandt van Rijn. Mas talvez os mais notáveis
representantes sejam os espanhóis José de Ribera, Francisco
Ribalta e Francisco de Zurbarán
Rubens: As consequências da guerra, 1637-38. Palazzo Pitti, Florença |
Também se tornaram comuns no Barroco a
pintura de naturezas-mortas e interiores domésticos, refletindo a crescente
influência dos gostos burgueses. Nos Países Baixos protestantes foram um dos
traços distintivos do Barroco local, conhecido ali como a Era Dourada da
pintura. Na época a região era uma das mais prósperas da Europa, e estando
livre do controle católico pôde manter uma tradição de liberdade de pensamento,
dentro de uma organização política bastante democrática. Tinha a burguesia
comerciante como sua classe social mais influente, a qual patrocinava uma
pintura essencialmente secular, de caráter único no panorama barroco. Entre
seus principais expoentes se contam Frans Hals, Vermeer, Frans Snyders, Pieter de Hooch,Meindert Hobema, Jacob Jordaens, Anthony van Dyck, Jacob van Ruisdael e Rembrandt.
Oriundo da mesma região, Rubens, um dos maiores pintores de todo o período, se enquadra
em uma outra tradição por ter sido católico e por ter cultivado um estilo
pessoal cosmopolita e eclético. Também se cultivou ali a pintura de paisagem,
geralmente despojada de conteúdo narrativo ou dramático, ao contrário de outras
regiões européias, onde muitas vezes a paisagem foi produzida como um cenário
para cenas históricas, alegóricas ou religiosas, como foi o caso de Nicolas Poussin e Claude Lorrain,
os principais representantes da vertente classicista do Barroco.
Johannes Vermeer:Alegoria da Pintura, c. 1666. Kunsthistorisches Museum, Viena |
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