As emoções surgem das cadeias de pensamentos produzidas pelo processo de leitura da memória realizado em milésimos de segundos. Portanto, com exceção das emoções que são geradas pelo metabolismo cerebral e pelas drogas psicotrópicas, como tranqüilizantes e antidepressivos, todas as demais experiências emocionais são frutos da leitura da memória e da produção de pensamentos conscientes e inconscientes.
Toda vez que você teve um sentimento, produziu, antes, um pensamento, ainda que não tenha percebido. Alguns acordam mal-humorados ou deprimidos, porque antes de despertar, leram a memória, produziram cadeias de pensamentos perturbadores em seus sonhos que excitaram a emoção e geraram humor depressivo. A tristeza ao entardecer segue o mesmo processo. A diminuição do ritmo de atividades sociais leva à introspecção, abre as janelas da memória, gera cadeias de pensamentos, gera a solidão.
O processo de construção de pensamentos e emoções é rapidíssimo, não temos consciência dele. O Gatilho da Memória, abre um grupo de arquivos – Janela da Memória, diante de um estímulo. Essa janela é lida, produz pensamentos que transformam as emoções. O som de uma música, por exemplo, pode abrir uma janela da memória e produzir pensamentos que recordam doces experiências.
O grande problema do processo da leitura da memória, construção de pensamentos e transformação de energia emocional é que o “EU”, que representa a capacidade de escolha, só toma consciência deles numa etapa posterior. Isso pode algemar sua liderança. Vejamos: ao assistir um filme de terror, você (seu “eu”) pode desejar não sentir medo, pois sabe que por detrás das cenas existem câmeras, diretor de imagem, assistente de produção, iluminador, etc. Todavia, quando a porta começa a ranger, o Gatilho da Memória abre uma janela contendo seus medos do passado. Isso produz pensamentos inconscientes, que transformam a energia emocional. Tudo é realizado em frações de segundos. Você prometeu que não iria sentir medo, mas o medo surgiu no teatro da sua mente antes que você conseguisse dominá-lo.
Usando a figura do teatro, o maior desafio do “EU” é controlar e administrar o medo e a ansiedade depois que eles surgem.
Em qualquer experiência, os primeiros pensamentos e emoções surgem antes da consciência do “EU”. O “EU” deve sair da platéia, entrar no palco e dirigir a peça dos pensamentos e emoções.
Podemos evitar que a peça se inicie se reeditarmos o filme do inconsciente ou construirmos janelas paralelas.(Aprenderemos como fazer isso na próxima aula)
Há pais que começam um pequeno atrito com um filho e não param mais. Ficam mais de uma hora discutindo o mesmo assunto. Há pessoas que sofrem uma injustiça no trabalho e ficam pensando e se angustiando. Há pessoas tímidas que, por terem de enfrentar uma reunião social, martirizam-se semanas antes. Essas pessoas maravilhosas ficam assistindo ao teatro de terror na sua mente sem fazer nada. Não sabem que o “EU” não é obrigado a viver tais pensamentos e emoções. Não sabem que podem mudar a peça.
Para administrar a emoção, o “EU” deve praticar a técnica doDCD (duvidar, criticar, determinar). Deve rapidamente duvidar dos seus pensamentos perturbadores, duvidar do conteúdo doente das suas emoções. Deve questionar os motivos da sua reação, criticar sua ansiedade, exigir ser livre naquele momento. Enfim, deve usar a ferramenta do silêncio, se interiorizar e resgatar a liderança do “EU”.
Se o “EU” não duvidar e criticar as peças teatrais doentes que se encenam na sua mente, ele vai ser sempre vítima das suas mazelas psíquicas e dos seus transtornos emocionais.
Augusto Cury
Texto retirado do livro: 12 semanas para mudar uma vida
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