A arte grega liga-se à inteligência, pois os reis não eram deuses, mas sim seres inteligentes e justos que se dedicavam ao bem-estar do povo. Ao contemplar a Natureza, o artista entusiasma-se pela vida e tentou, através da arte, exprimir as suas ideias e, numa busca constante pela perfeição, criou uma arte de elaboração intelectual.
Aliou estética e ética, politica e religião, técnica e ciência, realismo e idealismo, beleza e funcionalidade.
A arte grega é antropocêntrica, pois os artistas preocupavam-se com o realismo e também procuravam exaltar a beleza humana, destacando a perfeição das suas formas. É ainda racionalistapois reflecte, nas obras de arte, as observações concretas dos elementos que envolvem o Homem.
O objectivo final da arte era a procura da unidade, beleza e harmonia universais suportadas por uma filosofia que procurava a relação do Homem com o divino, com o mundo e a sua origem, com a vida e a morte e também com a dimensão interior do próprio Homem (valores que hoje designamos porClassicismo).
A arquitectura grega mostra-se como um dos aspectos mais importantes da civilização grega, dado que os seus colossais monumentos arquitectónicos provocam uma grande admiração perante os olhos daqueles que os observam e porque mostram o grande controlo que os gregos exerciam sobre si mesmos, revelado nas suas obras através da perfeição, do equilíbrio e da harmonia.
Os gregos criaram normas e regras construtivas, cânones para a concretização artística, valores estéticos e modelos duradouros, nos quais todos os detalhes, os aspectos decorativos e/ou pormenores tinham de se sujeitar á harmonia e ao ritmo do conjunto. Definiram assim os princípios básicos da geometria plana e espacial e as primeiras noções de medida, proporção, composição e ritmo através dos quais qualquer organização plástica de deveria reger. Para isso, os arquitectos gregos elaboraram projectos nos quais constavam o estudo topográfico do terreno, aadaptação do edifício ao relevo e a escolha criteriosa da ordem, de acordo com o tipo de edifício. Depois elaboravam cálculos onde as medidas e as proporções eram rigorosamente estabelecidas. Criavam ainda maquetas, em madeira ou terracota, que eram submetidas posteriormente a aprovação final.A arquitectura grega mostra-se como um dos aspectos mais importantes da civilização grega, dado que os seus colossais monumentos arquitectónicos provocam uma grande admiração perante os olhos daqueles que os observam e porque mostram o grande controlo que os gregos exerciam sobre si mesmos, revelado nas suas obras através da perfeição, do equilíbrio e da harmonia.
Esteve ao serviço da vida pública e religiosa (tal como toda a arte grega), conjugando-as perfeita e harmoniosamente. Prova disso é a cidade grega, aberta ao ar-livre, enquadrada na Natureza e concebida em três áreas distintas:
- Área sagrada e religiosa (designada por acrópole), onde estavam localizados ostemplos, santuários, oráculos e tesouros;
- Área pública, na zona baixa da cidade (ágora), que era o centro da vida da pólis(população), com espaços para reuniões políticas, manifestações desportivas e artísticas, mais propriamente o estádio e o teatro, e para o comércio;
- Área privada, de menor importância monumental, onde se encontravam osbairros residenciais organizados por classes sociais, com casas geralmente construídasem madeira e sem grandes condições.
Era a morada e abrigo do Deus, local onde se colocava a sua imagem, á qual os fiéis não tinham acesso, pois os rituais eram realizados ao ar livre, ao redor do templo (os fiéis apenas subiam ao templo para entregarem oferendas e realizarem sacrifícios). Isso explica a maior preocupação com a decoração exterior do que com a interior.
A sua forma e estruturas básicas evoluíram a partir do mégaron micénico (sala do trono, no palácio), que era formado por uma sala quadrangular, um vestíbulo ou pórtico suportado por duas colunas e com telhado de duas águas). Esta estrutura básica tornou-se, a pouco e pouco, mais complexa, de maiores dimensões e rodeada de colunas.
Exteriormente era decorado com majestosas esculturas e pintado com azuis, vermelhos e dourados.
Os gregos usaram o sistema de construção trilítico definido por pilares verticais unidos por lintéis (arquitrave) horizontais, não utilizando a linha curva como outras civilizações. Possui umaaximetria axial, criando fachadas simétricas, duas a duas, excepto em raros casos.
Em alçado era formado por uma base ou envasamento (plataforma que servia para nivelamento do terreno), por colunas (sistema de elevação e suporte do tecto), pelo entablamento (elemento superior e de remate, constítuido pela arquitrave, pelo friso e pela cornija, encimada pelo frontão triangular). O tecto de duas águas era coberto por telhas em barro.
Reconstituição (desenho) da Fachada Ocidental do Templo de Artemisa, séc. V a.C. (c. 600-580 a.C.), Corfu. Calcário.
As colunas e o entablamento eram construídos segundo estilos arquitectónicos ou ordens, que eram o processo de articulação métrica dos diversos elementos de um todo, em função da sua harmonia final. Essa articulação, a partir da base, da coluna e do friso, regulava as dimensões do templo em números, características e relações mútuas. Existiram três ordens principais:- Ordem dórica - Nasceu na Grécia Continental por volta de 600 a.C.; possui formas geométricas e a sua decoração é quase inexistente; não tem qualquer tipo de base, assenta directamente no estilóbato (último degrau, superior, onde assenta o edifício); apresenta um aspecto sóbrio, pesado e maciço, traduzindo assim a forma do homem; o fuste é robusto e com caneluras em aresta viva e capitel formado pelo ábaco e equino ou coxim, extremamente simples e geométrico, com forma de almofada. Simboliza aimponência e a solidez;
Estrutura da Ordem Dórica
Colunas Dóricas da Basílica de Pestos, meados do séc. VI a.C.
Colunas Dóricas do Templo do Pártenon, séc. V a.C.
- Ordem jónica - Nasceu na Jónia no séc. VI a.C.; difere da ordem anterior nas proporções de todos os elementos e na decoração mais abundante da coluna e do entablamento e pela coluna assentar numa base; pelas suas dimensões e formas mais esbeltas, traduz a forma da mulher; possui um fuste mais longo e delgado, com caneluras semicilíndricas, sem arestas vivas, e em maior número que na ordem dórica; o capitelpossuí um ábaco simples e o equino em forma de volutas enroladas em espiral. Esta ordem foi usada, inicialmente, em pequenos templos e nos "tesouros" gregos (pequenos templos destinados a guardar as oferendas votivas dedicadas ao deuses);
Estrutura da Ordem Jónica
- Ordem coríntia - Apareceu apenas no final do séc. V a.C. e é uma derivação da ordem jónica, resultado do seu enriquecimento decorativo; possuía um capitel com forma de sino invertido, decorado com folhas de acanto, coroadas por volutas jónicas; a sua base era mais trabalhada e o fuste mais adelgado; o entablamento e o frontão passam a ser sobrecarregados de refinados preciosismos decorativos. Simboliza a ambição, ariqueza, o poder, o luxo e a ostentação. Inicialmente foi usada apenas na decoração interior dos templos, passando apenas um século depois a substituir os capitéis jónicos da decoração exterior. No entanto, a sua utilização foi mais abundante no período dos Romanos, que lhe deram grande expansão.
O Monumento de Lisícrates e as suas colunas coríntias, séc. IV a.C. (c. 334 a.C.). Atenas.
"Não é propriamente um edifício - o interior, embora oco, não tem entrada - mas o pedestal complicado de um tripé, prémio de um concurso dramático ganho por Lisícrates. A forma cilíndrica, assente num alto envasamento, é a versão reduzida de um tholos, tipo de construção circular de que se conhecem vários exemplares anteriores. As colunas são embebidas (encaixadas na parede), para tornar o monumento mais compacto."
Em alguns templos, a função icónica das colunas adquiriu antropomorfismo num dos pórticos, através da sua substituição por estátuas de figuras femininas - cariátides - ou masculinas -atlantes.
Pórtico das cariátides no Templo do Erectéion, séc. V a.C., Atenas
Reconstituição (desenho) dos Atlantes do Templo de Zeus Olímpico, Agrigento
Em todas as suas construções, os arquitectos gregos procuraram uma ilusória sensação de simplicidade, o que não é inteiramente verdade, pois verificaram-se em templos dóricos determinadasdeformações ópticas que foram corrigidas matematicamente (correcções ópticas): os elementos horizontais do templo que, visualmente, são lidos de forma côncava, são ligeiramente encurvados para cima e para fora; os elementos verticais inclinados para dentro e para cima segundo um ponto de fuga; toda a colunata é construída ligeiramente inclinada para dentro do templo, pois a tendência de leitura era ver o edifício curvado para fora; a distância entre as colunas, exactamente iguais quando medidas, aparecem ligeiramente distorcidas ao olho humano; o fuste das colunas era ligeiramente engrossado no primeiro terço da sua altura (êntase) e o intercolúneo era maior entre as colunas das pontas do que nas do meio.
O templo grego, qualquer que fosse a ordem nele utilizada, possuía na sua estrutura, espaços destinados à escultura que valorizavam e embelezavam o edifício e aumentavam o seu valor icónico, pois nunca podemos esquecer que o templo foi, por excelência, destinado a glorificar um deus.
Reconstituição (desenho) do Frontão Oriental do Templo de Afaia, em Egina, séc. V a.C. (c. 490 a.C.)
Guerreiro Moribundo, do Tímpano (parte interior do frontão) Oriental do Templo de Afaia, em Egina, séc. V a.C. (c. 490 a.C.). Mármore.
Depois de vistas as características principais da arquitectura grega, nomeadamente as dos templos, e para finalizar, é importante ter algumas noções básicas sobre os três períodos de evolução da mesma, que existiram também em todas as modalidades da arte grega (escultura, cerâmica e pintura):
Período Arcaico (séc. VIII ao séc. V a.C.):
Este período caracterizou-se pelo aparecimento de modelos básicos de construção (plantas e alçados, por exemplo) que, apenas com algumas modificações, foram utilizados até à época romana.
Este período caracterizou-se pelo aparecimento de modelos básicos de construção (plantas e alçados, por exemplo) que, apenas com algumas modificações, foram utilizados até à época romana.
O aspecto mais importante da arquitectura grega deste período foi o abandono progressivo da madeira, como material de construção, substituída pela pedra calcária e a elaboração das chamadas ordens: a Dórica e a Jónica (das quais se falou um pouco em cima). As diferenças entre estas duas ordens apoiou-se mais numa certa concepção decorativa do edifício do que em arquitecturas diferentes, pois ambas dispunham dos mesmos tipos de materiais, de plantas semelhantes e até dos mesmos alçados.
Basílica de Pestos, Magna Grécia, c. VI a.C. (c. 550 a.C.) Calcário puro e poroso, revestido a estuque.
Ruínas do Templo de Hera, séc. VI a.C., Olímpia.
"Trata-se de um templo hexastilo [seis colunas na fachada principal e na posterior] e períptero [rodeado por uma ordem de colunas], cujo interior estava organizado em três divisões: pronaos, naos e opistódomos, sendo a primeira e a última precedidas por duas colunas em antas. No interior da naos, havia duas fileiras de quatro colunas arrimadas [encostadas] aos muros laterais, configurando um corredor amplo ou passagem central que permitia uma visão mais perfeita da escultura da divindade. (...) Outra das características do Templo de Hera (...) é que as colunas originais de madeira foram sendo substituídas pelas de pedra durante um período que durou vários séculos, razão pela qual algumas partes das colunas que chegaram até aos nossos dias têm desenhos diferentes."
Templo de Apolo, séc. VI a.C. (c. 540 a.C.), Corinto.
"Trata-se de uma construção hexastila e períptera (6x15), realizada integralmente em pedra, qeu apresenta no seu interior três naves separadas por fileiras de colunas, sendo o seu aspecto mais significativo o facto de dispor de quatro divisões, dois pronaos, um naos e um opistódomos."
Reconstituição da Fachada do Tesouro de Siphnos ou Sifnos, no Santuário de Apolo, séc. VI a.C. (c. 525 a.C.), Delfos.
"O edifício já não existe mas foi reconstituído convincentemente a partir dos restos conservados [como é mostrado na imagem em cima]."
"O Tesouro de Sifnos (...) era considerado o edifício mais sumptuoso do santuário de Delfos devido aos materiais utilizados na sua construção (mármore de Paros) e à sua impressionante decoração. (...) Na sua fachada dianteira, duas cariátides sustentavam parte de um entablamento cujo friso corrido estava profusamente decorado com relevos mitológicos: a Guerra de Tróia (friso leste), a Gigantomaquia (friso norte) e o Julgamento de Páris (friso oeste). Os poucos elementos do friso sul que ainda restam não permitem uma identificação clara. Quanto aos frontões, o único conservado é o do lado oriental, a fachada posterior, onde se representa a disputa de Apolo e Héracles por causa da trípode profética. Estes relevos e esculturas, que contavam com uma decoração de cores brilhantes como o azul, o encarnado e o amarelo, dão-nos uma ideia da policromia que todo o edifício apresentava."
Templo de Atena Aphaia, em Egina, séc. V a.C. (c. 490 a.C.).
"Dispõe de seis colunas nos seus lados menores e de treze nos mais compridos, tendo a sua planta organizada em pronaos, naos e opistódomos, com estes dois últimos comunicando entre si. Um dos elementos mais importantes deste templo é a conservação até hoje, embora fruto das obras de restauro, dos dois pisos de colunas que formavam as três naves dos naos [figura em baixo] (...)."
Templo de Poseídon, séc. V a.C., Paestum, Itália. Calcário conquífero, revestido a estuque.
"O Templo de Poseídon - que muito provavelmente foi dedicado a Hera - é um dos santuários dóricos mais bem conservados. Começado c. 475 a.C. e pronto em quinze anos, reflecte a planta do Templo de Égina [imagens mostradas em cima]. Têm especial interesse os suportes interiores do tecto da cella [imagem em baixo], duas colunatas sobre as quais assentam as fiadas de colunas menores, dando a impressão de um adelgaçamento contínuo, apesar da arquitrave que as separa."
Período Clássico (séc. V ao séc. IV a.C.):
"O fim das Guerras Médicas favoreceu o aparecimento de um mundo helénico bastante diferente daquele que existia no período arcaico. A luta com os Persas e a posterior derrota destes veio significar a consolidação definitiva das estruturas políticas e económicas das principais cidades-estados gregas, tendo reafirmado a hegemonia de Atenas, Esparta e, posteriormente, Tebas [no Egipto], até ao aparecimento de Filipe II da Macedónia, 338 a.C.
Estas mudanças na vida social tiveram, logicamente, uma influência artística diferente da que havia orientado o período arcaico, com a confecção de obras muito mais elaboradas não só tecnicamente, mas também do ponto de vista conceptual. A arte transformou-se num fim, não apenas numa consequência, da capacidade criativa de uma cultura, passando a ser, portanto, um produto elaborado de maneira intelectual, submetido a leis planeadas consciente e individualmente pelo seu criador único, cuja finalidade era transpor para as obras a imagem idealizada mentalmente. No entanto, esse fenómeno não era novo, pois já o tínhamos encontrado no mundo arcaico. A grande diferença era que se apoiava agora na racionalização da criação artísticaproduzida na época clássica. Quer se desejasse representar um deus ou um atleta, escrever uma tragédia ou construir um templo, tudo tinha de ser fruto de normas, de leis propriamente artísticas, não nascidas de convenções, como ocorrera no período arcaico, mas sim da necessidade de se aproximar a obra o mais possível da imagem mental que se tinha da manifestação a reproduzir. (...)Uma das principais consequências das Guerras Médicas foi a destruição de uma boa parte das construções de carácter religioso, tanto das cidades da Ásia Menor como da própria Grécia Continental. Terminado o conflito, ocorreu aquilo a que poderíamos chamar de autêntica vaga construtiva, que respondia à necessidade de reconstruir o que tinha sido destruído pelos Persas, mas que também era o fruto da expansão económica das cidades, que se converteram, então, em fortes centros de poder e que investiam uma grande quantidade de recursos nas realizações arquitectónicas.
Esta febre construtiva não se limitou apenas ao levantamento de novos templos, tendo afectado também toda uma série de edifícios e construções de carácter civil ou público. Quanto a estes últimos, destacam-se as estruturas destinadas a espectáculos (teatros, estádios e odéones), osedifícios de serviços (stoai, salas de assembleia, estalagens, etc.) e as construções defensivas, como as muralhas. Um dos aspectos mais notáveis dessa época clássica foi odesenvolvimento do planeamento urbano, que veio a concretizar-se no aparecimento dourbanismo e em elementos como as fontes e os relógios públicos."
Templo de Atena Niké, séc. V a.C. (c. 449-225 a.C.), Acrópole de Atenas.
Templo do Pártenon, séc. V a.C. (c. 447-436 a.C.), Acrópole de Atenas.
Propileus da Acrópole de Atenas, entrada monumental da mesma do lado ocidental, com o Templo de Atena Niké à direita, e do lado oriental, respectivamente.
"Assim que o Parthenon foi acabado, Péricles encomendou outro edifício, igualmente esplêndido e dispendioso: a entrada monumental da Acrópole (...) chamada Propileus. A construção foi iniciada em 437 a.C., sob a direcção do arquitecto Mnesicles, que ergueu a parte principal em cinco anos; o resto ficou por fazer devido à Guerra do Peloponeso. Também de mármore, não é menos requintada que o Parthenon. O mais admirável foi a adaptação dos elementos do templo dórico a uma função diferente, num local irregular e abrupto. Mnesicles resolveu a dificuldade com virtuosismo: não só o traçado acompanha as linhas do terreno difícil como o transforma, de maneira que uma passagem íngreme entre os rochedos foi convertida num magnífico acesso ao recinto sagrado.
Dos dois pórticos dos extremos, apenas o oriental se encontra em estado razoável; parece a fachada de um templo dórico clássico, excepto no entrecolúnio central, alargado para o dobro. O pórtico ocidental estava ladeado aqui por duas alas: a do Norte, consideravelmente maior que a outra, continha uma galeria de pintura (pinakotheke), o primeiro exemplo conhecido de uma sala projectada especialmente para a exposição de quadros. Ao longo do caminho central que atravessa o Propileus há duas filas de colunas que são mais jónicas que dóricas. Ao que parece, nesse tempo havia uma tendência na arquitectura ateniense para integrar elementos jónicos em estruturas dóricas."
Templo do Erectéion, séc. V a.C. (c. 421-405 a.C.), Acrópole de Atenas.
"O Erectéion é um santuário triplo com uma cella destinada às marcas de Poseídon e à lança de Atena; uma outra destinada ao culto de Cécrope e Erecteu; e uma tribuna das Cariátides destinada a Pândroso, filha de Cécrope. Havia ainda um espaço onde era colocada a oliveira sagrada de Atena. E, apesar de a sua planta ser irregular, existe proporcionalidade e harmonia. Possui dois belos pórticos. O que está virado a norte tem colunas jónicas de 6,59 m de altura com capitéis delicados. No que está virado a sul, as colunas foram substituídas por seis cariátides (antigas Korai), com cerca de 2,3 m de altura. Estas mulheres-coluna possuem longas tranças e mantos magnificamente pragueados, numa atitude graciosa, obra que se atribui à escola de Fídias. Na varanda das cariátides, o friso não tem entablamento, mas possui uma arquitrave e uma cornija com dentículos, pequenas mísulas colocadas sob a goteira, o que lhe atribui profundidade. Tal como noutros templos gregos, a sua decoração é requintada e policromada com pasta de vidro derretido e incrustado, com bandas e rosetas em bronze dourado."
Tholos (templo de planta circular) do Santuário de Atena Pronaia, séc. IV (c. 370-360 a.C.). Delfos.
Santuário de Apolo e respectiva planta, séc. IV a.C. Delfos.
"Desde tempos antigos, Delfos foi um lugar sagrado, onde já tinham existido cultos pré-helénicos. O seu oráculo decidiu com frequência o curso da história grega, passando este templo a assumir uma autoridade religiosa central. A Via Sacra percorria o santuário entre múltiplos altares, colunas votivas e estátuas de todo o género, dedicadas por príncipes ou cidades e constituindo um testemunho da piedade dos gregos.
Destacam-se pequenos edifícios, exemplos típicos de templo in antis, com estrutura muito simples e chamados tesouros, que se constituíam como capelas próprias de cada cidade, destinadas a conter ex-votos e a reunir os cidadãos peregrinos durante a celebração das grandes festas e solenidades. Todo o recinto sagrado se encontra na vertente rochosa do Parnaso; por isso, as edificações estão dispostas sem uma ordem especial predeterminada, aproveitando simplesmente os patamares do terreno ao longo dos diferentes níveis."
Reconstituição do Mausoléu de Halicarnasso, meados do séc. IV a.C. Jónia.
"O Mausoléu de Halicarnasso merece uma menção especial, já que, apesar de não se tratar de um templo, é uma das principais obras arquitectónicas do século IV a.C. Foi mandado construir por Mausolo de Cária para que lhe servisse de túmulo, embora só tivesse ficado pronto depois de 353 a.C., bastante tempo após a morte de Mausolo. A sua realização foi confiada aos melhores artistas da época, como Píteo, o seu arquitecto, ou escultores de grande reputação, como Scopas, Briáxis, Leocares e Timóteo, que realizaram a decoração escultórica de cada um dos lados do edifício."
"O edifício foi completamente destruído, mas as dimensões e o aspecto geral são conhecidos através de antigas descrições e dos fragmentos (incluindo uma boa parte da escultura) recolhidos há um século. (...) Sabemos que a altura total dos três andares era de 48 metros. Numa base rectangular elevada, de 35 m x 24,5 m assentava um pórtico de colunas jónicas com 12 m de altura. Em cima, erguia-se uma pirâmide rematada por um carro com as estátuas dos cônjuges. O programa escultórico era constituído por três frisos representando os combates dos Centauros contra os Lapitas e dos Gregos contra as Amazonas, além de corridas de carros: o seu comprimento era o dobro do que tinha o friso do Parthenon. Havia também filas de leões-sentinelas e um número desconhecido de grandes estátuas, incluindo retratos dos falecidos e seus antepassados.
O carácter comemorativo e retrospectivo do monumento, baseado na concepção da vida humana como uma luta gloriosa ou uma corrida de carros, é eminentemente grego; não obstante, salta aos olhos que a realização nada tem de helénica. As dimensões enormes do sepulcro e a pirâmide derivam do Egipto e implicam a exaltação sobre-humana do soberano, para marcar o seu parentesco com os deuses. Mausolo devia ter-se na conta de um príncipe por graça divina, conceito herdado dos Persas, os quais, por sua vez, o tinham recebido dos Assírios e dos Egípcios. Mas parece ter querido glorificar não tanto ou não só as suas elevadas funções como, sobretudo, a sua pessoa."
"O edifício foi completamente destruído, mas as dimensões e o aspecto geral são conhecidos através de antigas descrições e dos fragmentos (incluindo uma boa parte da escultura) recolhidos há um século. (...) Sabemos que a altura total dos três andares era de 48 metros. Numa base rectangular elevada, de 35 m x 24,5 m assentava um pórtico de colunas jónicas com 12 m de altura. Em cima, erguia-se uma pirâmide rematada por um carro com as estátuas dos cônjuges. O programa escultórico era constituído por três frisos representando os combates dos Centauros contra os Lapitas e dos Gregos contra as Amazonas, além de corridas de carros: o seu comprimento era o dobro do que tinha o friso do Parthenon. Havia também filas de leões-sentinelas e um número desconhecido de grandes estátuas, incluindo retratos dos falecidos e seus antepassados.
O carácter comemorativo e retrospectivo do monumento, baseado na concepção da vida humana como uma luta gloriosa ou uma corrida de carros, é eminentemente grego; não obstante, salta aos olhos que a realização nada tem de helénica. As dimensões enormes do sepulcro e a pirâmide derivam do Egipto e implicam a exaltação sobre-humana do soberano, para marcar o seu parentesco com os deuses. Mausolo devia ter-se na conta de um príncipe por graça divina, conceito herdado dos Persas, os quais, por sua vez, o tinham recebido dos Assírios e dos Egípcios. Mas parece ter querido glorificar não tanto ou não só as suas elevadas funções como, sobretudo, a sua pessoa."
Período Helenístico (séc. IV a.C. ao início da Era Cristã):
"A morte de Alexandre em 323 a.C. é a data indicada tradicionalmente para separar a Arte Clássica da Helenística, embora este fenómeno tenha sido, propriamente, origem bastante anterior. Neste sentido o advento do Helenismo é a consequência da perda progressiva da independência e, também, da personalidade da cidade-estado grega, a qual, ainda que mantendo formas de Governo aparentemente independentes, passara a estar submetida ao domínio indirecto e, por vezes, directíssimo de um poder que lhe era alheio, macedónio primeiramente e, mais tarde, romano.
A unidade política, económica e cultural subjacente do mundo grego continental e da Ásia Menor, conseguida, primeiramente, por Filipe II e, depois, pelo seu filho Alexandre, viria a evoluir, após a morte do segundo, para o conceito de monarquia hereditária ao estilo oriental. O principal factor que desencadeou esta evolução foi a repartição do império de Alexandre entre os seus generais, os quais, influenciados pela pompa e «divinização» da figura do governante, como no caso persa ou egípcio, criaram reinos distintos hoje denominados helenísticos, cuja sobrevivência no tempo seria determinada pela expansão romana. Devemos recordar que o fim convencional da Arte Helenística grega teve lugar em 31 a.C., data em que Octávio anexou o Egipto ao Império Romano.
A unidade política, económica e cultural subjacente do mundo grego continental e da Ásia Menor, conseguida, primeiramente, por Filipe II e, depois, pelo seu filho Alexandre, viria a evoluir, após a morte do segundo, para o conceito de monarquia hereditária ao estilo oriental. O principal factor que desencadeou esta evolução foi a repartição do império de Alexandre entre os seus generais, os quais, influenciados pela pompa e «divinização» da figura do governante, como no caso persa ou egípcio, criaram reinos distintos hoje denominados helenísticos, cuja sobrevivência no tempo seria determinada pela expansão romana. Devemos recordar que o fim convencional da Arte Helenística grega teve lugar em 31 a.C., data em que Octávio anexou o Egipto ao Império Romano.
Templo de Zeus Olímpico ou Júpiter Olímpico, também conhecido como o Olympeion, séc. II (c. 174-131 a.C.). Atenas.
"(...) Situado numa esplanada a leste da Acrópole de Atenas (...), trata-se de um grande templo coríntio, octostilo e díptero (8x20), realizado em mármore do Pentélico, que possuía, além de um pórtico, oito colunas em cada um dos lados menores. A sua cella organizava-se num pronaos, uma naos comprida, que dispunha de três naves graças a duas fileiras de colunas, e um opistódomo aberto para o espaço anterior e sem acesso do exterior."
Acrópole de Pérgamo, séc. II a.C.
"A monumentalidade de Pérgamo, assim como a sua teatralidade, deve-se ao rei Eumenes II (197-159 a.C.). A difícil tipologia do terreno tornou impossível a aplicação da planta hipodâmica. Por este motivo, a cidade organizou-se mediante uma sucessão de terraços, agrupados numa cidade baixa e numa cidade alta. Esta última era a acrópole, e como tal tinha a designação religiosa, residencial e militar. Foi construída à volta do teatro, por trás do qual se encontrava o santuário de Atena Nikeforos («a que conduz à vitória»), erguido nos tempos de Filetaro na ordem dórica, e a biblioteca.
A cidade de Pérgamo era consagrada a Atena, tal como as cidades gregas importantes. A norte encontrava-se o palácio real, muito simples, acompanhado de um quartel e um arsenal, enquanto que a sul erguia-se o grande altar de Zeus [ver imagem em baixo], magna construção considerada uma das mais belas características obras do período helenístico, que por sua vez dominava a ágora.
Maquete e fachada reconstruída do Altar de Zeus de Pérgamo, ou simplesmente Altar de Pérgamo, séc. II a.C.
"Cerca de 180 a.C., o filho e sucessor de Átalo I fez erigir um grandioso altar numa colina dominando a cidade para comemorar as vitórias de seu pai. Grande parte da decoração esculpida foi recuperada em escavações e toda a fachada ocidental do altar foi reconstruída em Berlim Leste. É, na verdade, um edifício impressionante. O altar propriamente dito ocupa o centro de um pátio rectangular envolvido por uma colunata jónica que se eleva sobre uma alta base de cerca de 93 metros quadrados; uma escadaria monumental dá acesso ao pátio, no lado ocidental. Altares de tão grandes dimensões parecem ter sido uma tradição jónica desde a época arcaica, mas o de Pérgamo é o mais primoroso de todos e o único de que subsistiram vestígios importantes. O seu aspecto mais ousado é o grande friso que corre ao longo da base, com 120 metros de comprimento e mais de 2 de altura. As enormes figuras, talhadas em relevo tão alto que estão quase desligadas do fundo, têm a escala e o peso das estátuas de tímpanos mas não estão sujeitas aos limites do quadro triangular dos frontões. É uma combinação única de duas tradições diferentes e o formidável apogeu da evolução da escultura arquitectural grega."
Bouleuterion de Priene, o Edifício para a Reunião do Concelho da Cidade, séc. II a.C. (c. 120-100 a.C.).
BIBLIOGRAFIA (Textos, Transcrições e Imagens):
- "Grécia", Peter Levi, Ed. Círculo de Leitores;
- "História da Arte", H. W. Janson, Fundação Calouste Gulbenkian;
- "História da Arte", H. W. Janson, Fundação Calouste Gulbenkian;
- "História da Cultura e das Artes - 11º Ano", Ana Lídia, Fernanda Meireles e Manuela Cernadas Cambotas, Porto Editora;
- "Tesouros Artísticos do Mundo, Volume III: Consagração da Arte Clássica - Arte Grega e Etrusca", Vários Autores, Ed. Ediclube;
- "Visual Encyclopedia of Art - Arte Greco-Romana, Ed. Scala.
- "Tesouros Artísticos do Mundo, Volume III: Consagração da Arte Clássica - Arte Grega e Etrusca", Vários Autores, Ed. Ediclube;
- "Visual Encyclopedia of Art - Arte Greco-Romana, Ed. Scala.
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